sábado, 6 de outubro de 2012

Entrevista do mês: Cláudia Mattos - NAKAWE

Esse mês a nossa entrevista é com a Cláudia Mattos, arquiteta de primeira e artesã da Nakawe, tecidos tingidos com pigmentos naturais e pintados a mão. Ela mora em São Bento á 14 anos, se mudou pra cá para uma casinha sem luz elétrica e á 13km da cidade. Já dá pra ver que a coragem é um dos seus fortes!
Seu trabalho, assim como a sua pessoa são cheios de identidade, e transitam entre várias culturas. Os tons terrosos e o estilo rústico são uma das marcas registradas que vejo no trabalho dela, que até já fizeram parte de cenários de novela da globo. 

Quando fomos abrir a loja, eu e a Paulinha aqui da Hospedaria Casarão, fomos ao espaço dela e encontramos lá muito apoio, bons concelhos e os produtos cedidos de coração para preencher os tantos lugares vazios de uma lojinha que acaba de abrir...


Vamos conhecer um pouco mais dessa artista? Bora...

Como Descreveria seu trabalho?
Meu trabalho no momento é uma experiência de fusões de cores e estamparias. Tenho um prazer muito grande em pensar em novos tons e em novas estampas que consigo com carimbos que confecciono. Agora tenho feito também algumas experiências com texturas com fusão com estampados,vamos ver oque resulta...

Porque escolheu este nome para seu projeto? (para quem tem marca)
O nome NAKAWE é de origem Huichol, que são índios residentes no noroeste do México e com que estive em duas oportunidades quando iniciava o trabalho com tecidos. TACUTSI NAKAWE é uma espécie de deusa da criação, sua energia transforma a semente em árvore, o bebê em adulto. É sobretudo uma energia criativa e evolutiva.



O que te motiva?
Gosto de experimentar as idéias que tenho. Se penso em alguma coisa nova num dia, já no outro estou remexendo uns materiais para colocar a idéia no campo da matéria. Isso é importante para mim. Faço muita cisa ruim, mais não deixo de fazer, porque no meio de experiências ruins, tem sempre uma joinha que aparece.

De onde vem a sua inspiração?
Gosto do desenhos tradicionais, menos figurativos e mais abstratos, porque me parece ter mais vibração. A figuração impõe uma significação que a mim não interessa muito. Gosto do movimento do olhar, da forma como ele foge ou é atraído por alguma cor, ou listra, ou desenho...



De todo o processo de produção das tuas peças, qual mais te agrada?
Aprendi com o tempo que a única forma de manter a vitalidade que eu desejo para as minhas peças é gostar (e muito) de cada fase do processo. Ser sempre criativa e livre mesmo na hora de acender o fogo das panelas de tingimento ou na hora de limpar os carimbos. Quando não dá, vou fazer outra coisa.

Que daria para que ainda está a procura do seu próprio estilo nos trabalhos?
Não acho que o estilo seja o mais importante a ser buscado. Oque importa é a intenção, porque estamos ali fazendo aquilo? Que graça tem? As pessoas se preocupam muito com a identidade do trabalho. Acho isso uma bobagem e um mal começo. O que somos aparece em tudo que fazemos, de uma forma ou outra e muda a todo o momento, por isso essa preocupação é desnecessária. O importante é a vitalidade do trabalho e para manter essa energia é preciso estar consciente do que se faz. O conselho que eu daria é estar sempre alerta e ser honesto consigo mesmo.



Quem você admira no seu meio?
Gosto de tanta gente que não dá nem para listar e não só artistas do tecido. Vejo sempre o trabalho do Gonçalo Ivo e do Rothko, artistas maravilhosos que estou sempre olhando. Os japoneses são incríveis, os de hoje e os antigos como Hokusai, que amo. Amo xilogravura e também os africanos anônimos que tem com a cor uma relação muito viceral com o que me identifico profundamente. Do mundo dos tecidos gosto muito da Gunta Stolzl e da Lucienne Day. Isso fora os que ainda não conheço.

Você tem paixão por alguma técnica, gostaria de aprender uma nova manualidade? Qual?
Como disse, adoro xilo, mais precisaria de mais encarnações para aprender tudo que gostaria.

Quais são os teus sonhos para o futuro?
Continuar trabalhando.


Espero que tenham gostado de conhecer mais uma artesã, lembrando que essa iniciativa de publicar as entrevistas são no intuito de estreitar o abismo entre quem faz e quem consome, em prol de um consumo mais consciente e mais intimista.
Quem gostou dos produtos da Cláudia pode encontrá-los aqui na loja ou no próprio ateliê dela, aqui em São Bento do Sapucaí! Ao lado aqui no blog também você encontra o link do site dela.

Até a próxima!!

Um comentário:

  1. Os trabalhos da Cláudia são únicos! Sempre que vamos ao seu ateliê ela nos surpreende com a sua criatividade e simpatia. Parabéns pela matéria!

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